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O “Reino de Deus” e o “Reino dos Céus”

Leitura: Atos 28.23-31
Versículo para Memorizar: Mateus 6.33, “Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas”.
Introdução:
O “Reino de Deus” faz parte da escatologia.
Portanto, o “Reino de Deus” e o tema dos “últimos dias” são partes da mesma doutrina. Muitas profecias do Velho
Testamento são concernente a estes dois assuntos (II Sm 7.12, “seu reino”; Dt 4.30, “últimos dias”). O que aconteceu no Novo Testamento tem a ver com o “Reino de Deus” e os “últimos dias”, portanto, precisamos entender mais sobre as “últimas coisas” e sobre “Reino de Deus”. Há mais menções na Bíblia a respeito do “Reino” do que do termo “Últimas Coisas”. Dessa forma, devemos dar muita importância ao que tange ao “Reino”, e, como diz o nosso versículo para memorizar, buscar primeiro o “Reino”. Todavia, não devíamos desconsiderar as “Últimas Coisas”, pois também fazem parte da nossa responsabilidade, e os dois tratam tanto do passado no tempo de Jesus como dos nossos dias atuais.
O Que é o Reino de Deus? – O Reino de Deus simplesmente é tudo que se tem a ver com Cristo, especialmente o Seu relacionamento com o Seu Povo como Senhor, Salvador, Sacerdote e Rei. Disso podemos estar confiantes analisando uns poucos versículos do Apóstolo Paulo às igrejas primitivas.
Paulo, na sua despedida dele da igreja em Éfeso, deu um resumo do seu testemunho e da sua mensagem entre os daquela igreja. A sua mensagem foi “tanto aos judeus como aos gregos” e a sua proclamação era “a conversão a Deus, e a fé em Nosso Senhor Jesus Cristo” (At 20.17-21). A mensagem do arrependimento e a fé em Cristo é a mensagem de todo pregador sério e zeloso para com a sua vocação. É a mensagem atual desde o começo do ministério de Cristo e continuará até a Sua volta (Mt 28.19.21; Mc 16.15; Lc 24.46-48; Jo 20.21).
Pelo contexto da despedida de Paulo aos Efésios sabemos que a pregação da “conversão a Deus, e a fé em Nosso Senhor Jesus Cristo” é o evangelho da graça de Deus (At 20.24). Examine Atos 20.25 e perceberá que este ministério da pregação da graça, do arrependimento e da fé em Cristo é a pregação do Reino de Deus (At 20.25). Aos de Corinto este mesmo Apóstolo Paulo definiu o evangelho da seguinte maneira: “Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, E que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras.” Como ele pregou o evangelho da graça em Éfeso e chamou isso a pregação do Reino de Deus, assim nós podemos chamar a pregação do evangelho da vinda de Cristo, a Sua morte, o Seu sepultamento e a Sua ressurreição a pregação do Reino de Deus. Por quê? Porque o Reino de Deus envolve tudo sobre Cristo.
Você está no Reino de Deus? Entra-se nele pelo novo nascimento, um nascimento pelo Espírito Santo. O arrependimento e a fé neste Cristo é a sua responsabilidade. Se reconhece a sua fraqueza de se arrepender e crer, clama a Deus para que tenha misericórdia e salve mais um pecador.
Por isso a instrução do nosso versículo para memorizar dada por Jesus é eficaz para nós hoje.
O Reino de Deus e O Reino dos Céus – Para entendermos o que Deus nos revelou sobre as “Últimas Coisas”, verdades que são para nós e para os nossos filhos (Dt 29.29), precisamos entender como o Reino de Deus se relaciona com o Reino dos Céus.
Comparando todos os versículos que usam os termos “Reino de Deus” ou “Reino dos Céus” e anotando o contexto de cada uso, verá que os dois simplesmente tratam das mesmas coisas. Não há diferença entre as duas palavras ou os seus usos. Os que desejam ensinar diferenças importantes entre os dois termos são forçados a darem explicações tão complicadas ao ponto do leitor perder qualquer noção do que se tratam as frases e, por tentar levar a sério essas supostas diferenças, começam a pensar que a escatologia é demasiadamente difícil de entender.
Como houve a preocupação de Paulo para com os membros em Corinto para não serem levados e enganados por palavras persuasivas, também me preocupa ensinar-lhes a fim de que não sejam enganados e se “apartem da simplicidade” (II Co 11.3).
Os Usos dos Dois Termos
Nos Ensinos Gerais – Depois do batismo de Jesus e a provação no deserto, Jesus, conforme Mateus, “começou a pregar, e a dizer: Arrependei-vos porque é chegado o reino dos céus” (Mt 3.17). Mas, quando Marcos relata o começo do ministério de Jesus, relata que Ele “veio pregando o Reino de Deus, dizendo: O tempo está cumprido, e o Reino de Deus está próximo.
Arrependei-vos, e crede no evangelho” (Mc 1.14,15). Se fossem duas coisas distintas, teríamos dois grandes problemas.
Um é que não poderíamos estar confiantes em termos uma mensagem exata com a qual poderíamos pregar ao mundo todo para agradar a Deus. Outro problema seria que aparentemente a Palavra de Deus não fora dada por inspiração verbal. Mas, não temos nenhum problema com qualquer destas doutrinas, pois estas duas frases enfatizam uma única coisa. Graças a Deus que temos uma mensagem clara para pregar ao mundo.
Logo depois de Jesus escolher os doze apóstolos, teve um encontro com uma grande multidão e começou a ensinar-lhes.
Mateus relata que Jesus abriu a sua boca, “ensinava, dizendo: Bem aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus” (Mt 5.2,3). Porém, Lucas relata que, na mesma ocasião Jesus dizia: “Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o reino de Deus” (Lc 6.20). Ou o Espírito Santo que inspirou essas palavras entra em contradição, ou elas significam a mesma coisa. Desde que foi pela inspiração do Espírito Santo estes autores escreveram essas palavras, podemos crer que os dois termos apontam à mesma coisa.
Se desejar comparar outras passagens do mesmo teor, examine estas: Mt 18.4 com Mc 10.15; Mt 19.14 com Mc 10.14; Mt 19.23,24 com Mc 10.23-25.
Nas Parábolas
Existem muitas parábolas no Novo Testamento relatadas pelos diferentes evangelistas usando um ou o outro termo, mostrando claramente que os dois vocábulos enfatizam a mesma coisa.
Alguns destes casos são: A parábola sobre o grão de mostarda – Mt 13.31 e Mc 4.30 – Em Mateus 13.31 Jesus propôs uma parábola começando-a com as seguintes palavras: “O Reino dos céus é semelhante ao grão de mostarda…” e assim nos ensina que o reino dos céus é pequeno à vista dos homens, mas o seu fim é glorioso.
Em Marcos 4.30 Jesus procura um exemplo para assemelhar o Reino de Deus, ou seja, uma parábola para representá-lo. Ele afirma em Marcos 4.31 que o Reino de Deus “É como um grão de mostarda, a menor de todas as sementes mas, depois, cresce e faz-se a maior de todas as hortaliças. Nisso Ele ensina a mesma lição quanto à parábola de Mateus.
Se essa parábola representa o Reino de Deus tão bem quanto o reino dos céus, é evidente que tanto o Reino de Deus quanto o Reino de Céus são a mesma coisa. Ou, será que não devemos esperar que haja harmonia entre os evangelhos? Será que o Espírito Santo não sabe distinguir um do outro quando trouxe a eles a Palavra para ser escrita? Creio que o Espírito Santo bem sabe entregar a Palavra de Deus aos autores e por isso creio na inspiração verbal, e creio que os autores da Bíblia tiveram uma harmonia que somente vem do alto. Crer que os dois termos são iguais é fundamental para essa conclusão.
O propósito das parábolas – Mt 13.11; Mc 4.3; Lc 8.10 – Os discípulos perguntaram o porquê das parábolas e Jesus os
respondeu – Mateus relata a resposta de Jesus como: “Porque a vós é dado conhecer os mistérios do Reino de céus, mas a eles não lhes é dado.” Marcos relata a resposta de Jesus como: “A vós vos é dado saber os mistérios do Reino de Deus, mas aos que estão de fora todas estas coisas se dizem por parábolas.”
Lucas relata a resposta de Jesus assim: “A vós vos é dado conhecer os mistérios do reino de Deus, mas aos outros por
parábolas, para que vendo, não vejam, e ouvindo, não entendam”.
Conclusão – Então, se o Reino de Deus não é o Reino dos Céus, quem está mentindo? Os três responderam que Jesus
disse palavras exatas e um entre os três relatou que Jesus não disse o que os outros disseram que Jesus disse? Só pode ter um mentiroso entre os homens santos que Deus usou para falarem inspirados pelo Espírito Santo. É bem melhor aceitar o fato de que as duas frases apontam à mesma coisa e deixar a possibilidade que Mateus, para retratar Cristo como rei, teve alguma razão para dizer “céus” e não “Deus”, mas a exata razão não foi explicada a nós. Todavia, a comparação destes três relatos leva-nos a crer que as duas frases significam a mesma coisa. Como diz o Pastor D. W. Huckabee no seu livro de Hermenêutica, “Se o sentido comum de uma palavra faz sentido, então não busque outro sentido.” (Huckabee, pg. 25).
Apenas uma Mensagem aos Judeus ou Mensagem Atual? –
Alguém talvez queira afirmar que o Reino de Deus foi uma mensagem somente aos judeus. Querem alguns afirmar que quando Jesus deu Seus avisos aos judeus, acabou a importância do Reino de Deus. Especialmente enfatizem que quando os judeus crucificaram Cristo rejeitando-O como o Messias, a mensagem do Reino de Deus terminou. Disso, pelo estudo, podemos entender que não é a verdade. Vejamos: Além da verdade que “toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa… para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra” (II Tm 3.16,17; Rm 15.4) e, portanto, o Reino de Deus é proveitoso para nós hoje, o assunto do Reino de Deus continua importante por outras razões. O Reino de Deus foi um assunto das igrejas neotestamentárias e para os gentios muito tempo depois da rejeição pelos judeus e a Sua crucificação.
Jesus, depois da Sua ressurreição, por quarenta dias falou “das coisas concernentes ao Reino de Deus” (At 1.3). Os discípulos, depois da rejeição de Cristo como o Messias pelos judeus, deram a entender que ainda faltava muito a respeito do Reino de Deus, pois pouco antes de Cristo ascender ao céu, o Seu Reino era um assunto entre eles com Cristo (At 1.6).
Dois ou três anos depois, a perseguição contra a igreja que estava em Jerusalém fez que os membros espalhassem pelas terras da Judéia e de Samaria (35 d.C.). Cristo foi pregado na cidade de Samaria por Filipe e a sua mensagem era “acerca do Reino de Deus” (At 8.5-12). Mesmo sem a presença de Cristo, a mensagem que foi principiada por João o Batista, continuava sendo importante às igrejas primitivas. Mais de uma década depois da perseguição contra a igreja em Jerusalém, a mensagem do Reino de Deus foi ensinada por Paulo às igrejas recém-organizadas na sua primeira viagem missionária, entre judeu e gentio (48 d.C., At 14.22). Observe: tal mensagem foi para confirmar os ânimos dos discípulos. Na sua terceira viagem missionária (53 d.C.), Paulo ainda pregava zelosamente sobre o Reino de Deus (At 19.8; 20.25). Em 60 d.C., quase três décadas depois da ressurreição de Cristo, ainda no fim do ministério do apóstolo Paulo, este missionário exemplar “declarava com bom testemunho o Reino de Deus, desde a manhã até à tarde” aos judeus e, depois da rejeição destes do Evangelho, Paulo pregava o Reino de Deus com toda liberdade a todos quantos vinham vê-lo (At 28.23-31).
Entendemos que o Reino de Deus era a mensagem das igrejas primitivas, e era para ser entregue a todos os povos. Desde que a comissão destas igrejas primitivas seja a nossa também, o Reino de Deus deve ser a nossa mensagem hoje e até Cristo.
Aplicação:
Cuidado quando o Evangelho da graça de Deus, ou seja, o Reino de Deus torna um assunto infrequente das pregações deste púlpito! A graça exalta a Cristo, o Rei deste reino, e Cabeça desta igreja. Para enfatizar a graça, não canse de declarar a pecaminosidade do pecado e a sua eterna condenação. Não minimize a mensagem da responsabilidade do pecador para com a lei de Deus. Assim, a necessidade da graça é reconhecida e exaltada pelo sacrifício vicário de Cristo.
Anuncie sempre que Cristo salva todo pecador que se arrepende e crê nEle pela fé como o seu Substituto. Conhece essa graça?
Faça com que a razão desta igreja existir não seja minimizada por acomodar outros assuntos pragmáticos, sociais ou os que estão na “moda”. No momento em que o Reino de Deus se ausentar desta igreja, as bênçãos do Cristo do Reino também se ausentarão dela (Ap 3.14-22).
De uma forma o Reino de Deus é aqui e agora! Viva submetendo-se ao Rei Jesus, conformando-se à Sua imagem.
Isso se faz mortificando a carne, renovando a sua mente, sendo fiel na leitura particular da Palavra de Deus, criando e mantendo a leitura doméstica da Bíblia, se sacrificando na contribuição, levando a Palavra de Deus aos outros, cumprindo os seus deveres de membro da igreja local, orando sem cessar entre outros exercícios espirituais.
Você pode ‘ver’ este Reino? Já entrou nele? Está submisso ao seu Rei? A Sua Palavra importa para você?
Pr. Calvin G. Gardner

O “Reino de Deus” e o “Reino dos Céus”

SEITAS :A Igreja Adventista é realmente a igreja remanescente de apoc. 12:17?

Igreja Remanescente


O Verdadeiro Remanescente exalta a Cristo, e não a si mesmo. 

A Igreja Adventistas do Sétimo Dia ensina que o livro de Apocalipse os identifica como a "Igreja Remanescente" da profecia bíblica (e que as Igrejas cristãs que adoram no Dia do Senhor (Domingo), na verdade, adorarão a besta). Esta posição é baseada principalmente em um versículo bíblico encontrado em Apocalipse 12:17:

"E o dragão irou-se contra a mulher, e foi fazer guerra ao remanescente da sua semente, os que guardam os mandamentos de Deus, e têm o testemunho de Jesus Cristo."

Adventistas concluem que o Remanescente que deverá enfrentar a grande tribulação dos últimos dias guarda os Mandamentos de Deus (os 10 Mandamentos incluindo o Sábado) e possui o Espírito de Profecia (Ellen G. White). Testemunho de Jesus = Espírito de Profecia = Ellen White.

ARTIGOS:

A Verdadeira Igreja não é uma Instituição por Chris Badenhorst

Qual é o Verdadeiro Cristo da Igreja Cristã?

A Igreja Adventista do Sétimo Dia é a Igreja Remanescente? por Sydney Cleveland

Como ser membro da Verdadeira Igreja por Rodney Nelson

O Que é a Igreja? por Robert K. Sanders

Sábado: O Selo de Deus e a Escatologia Adventista por Greg Taylor

Quem é a mulher vestida do sol, em Apocalipse 12? por Ciro Sanches Zibordi

Quem é o Espírito de Profecia por CACP

Quais são os Mandamentos de Deus? Os Adventistas ensinam que os "mandamentos de Deus" em Apocalipse 12:17 e Apocalipse 14:12 se referem aos Dez Mandamentos. O que a Bíblia diz?

Os Mandamentos de Deus é um trecho do capítulo 25 do livro Sabbath in Christ por Dale Ratzlaff, no qual ele aborda a alegação Adventista de que é a igreja remanescente, porque é a única denominação que "guardam os mandamentos de Deus (leia Decálogo)" (NVI) baseando-se em Apocalipse12:17 e Apocalipse 14:12. 

O Verdadeiro Remanescente exalta a Cristo, e não a si mesmo por Max Gordon Phillips

A Identidade da Igreja Remanescente por D. Anderson

O que significa "O Testemunho de Jesus?" por Ex-Adventist

Os Valdenses Guardavam o Sábado? pelo Pastor Thomas Soggin da Igreja dos Valdenses

Denominação, Seita, ou Igreja Remanescente? por Hélio S. Júnior

Which is the One True Church? por Dr. Adrian Bury

What is the True Church? por David M. Curtis

Is the Church Spiritual Israel?- Are the blessings of Israel now for the Church, do we become the Israel?

A Igreja Adventista é a Igreja Remanescente?

Batistas, Assembleianos, Presbiterianos, Metodistas, etc. Até onde sei, nenhum deles se auto-intitulam como a única Igreja verdadeira, mas na minha experiência todos eles proclamam o único verdadeiro Salvador. O Verdadeiro Remanescente exalta a Cristo, e não a si mesmo. O Adventismo, entretanto, promove a visão elitista de que é a verdadeira igreja retratada em Apocalipse capítulo 12 (que simboliza Israel não a igreja. Conf. Gênesis 37). Naturalmente, isto significa que as outras igrejas são apóstatas e não têm a "verdade plena", concedendo a adventistas a licença para procurar convertidos entre os evangélicos, muitas vezes através de técnicas de camuflagem, como "Seminários sobre Profecias."

Qual é a Única e Verdadeira Igreja?

A Verdadeira Igreja

Em Cristo,

O Pecado para a Morte e a Blasfêmia contra o Espírito Santo

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Não são poucos os pregadores de linha pentecostal que ameaçam os críticos das atuais "manifestações espirituais" de cometerem o pecado sem perdão, a blasfêmia contra o Espírito Santo. Mas, será? O pecado para a morte é mencionado por João em sua primeira carta: 



"Há pecado para morte, e por esse não digo que rogue (5.16c)".



A morte a que João se refere é a morte espiritual eterna, a condenação final e irrevogável determinada por Deus, tendo como castigo o sofrimento eterno no inferno. Todos os demais pecados podem ser perdoados, mas o “pecado para morte” acarreta de forma inexorável a condenação eterna de quem o comete, a ponto do apóstolo dizer: "e por esse não digo que rogue". E o apóstolo continua:



"Toda injustiça é pecado, e há pecado não para a morte (5.17; cf. 3.4)".


João não está sugerindo que a distinção entre pecado mortal e pecado não mortal implique na existência de pecados que não sejam tão graves assim.Todo pecado é contra o Deus justo, contra a sua justiça. Portanto, todo pecado traz a morte, que é a penalidade imposta por Deus contra o pecado. Mas, para que seus leitores não fiquem aterrorizados, João repete: há pecado não para morte (5.17b). Nem todo pecado é o pecado mortal. Há perdão e vida para os que não pecam para a morte. O Senhor mesmo convida seu povo a buscar o perdão que ele concede (Is 1.18).

O que, então, é o pecado para a morte? O apóstolo João não declara explicitamente a que tipo de pecado se refere. Através dos séculos, estudiosos cristãos têm procurado responder a esta pergunta. Alguns têm entendido que João se refere à morte física, e têm sugerido que se trata de pecados que eram punidos com a pena de morte conforme está no Antigo Testamento (Lv 20.1-27; Nm 18.22). Não adiantaria orar pelos que cometeram pecados punidos com a morte, pois seriam executados de qualquer forma pela autoridade civil. Ou então, trata-se de pecados que o próprio Deus puniria com a morte aqui neste mundo, como ele fez com os filhos de Eli (2Sm 2.25), com Ananias e Safira (At 5.1-11) e com alguns membros da igreja de Corinto que profanavam a Ceia (1Co 11.30; cf. Rm 1.32).

A Igreja Católica fez uma classificação de pecados veniais e pecados mortais, incluindo nos últimos os famosos sete pecados capitais, como assassinato, adultério, glutonaria, mentira, blasfêmia, idolatria, entre outros. Este tipo de classificação é totalmente arbitrário e não tem apoio nas Escrituras.

A interpretação que nos parece mais correta é que João está se referindo à apostasia, que no contexto de seus leitores, significaria abandonar a doutrina apostólica que tinham ouvido e recebido e seguir o ensinamento dos falsos mestres, que negava a encarnação e a divindade do Senhor Jesus. “Pode-se inferir do contexto que este pecado não é uma queda parcial ou a transgressão de um determinado mandamento, mas apostasia, pela qual as pessoas se alienam completamente de Deus” (Calvino).

Trata-se, portanto, de um pecado doutrinário, cometido de forma voluntária e consciente, similar ao pecado de blasfêmia contra o Espírito Santo, cometido pelos fariseus, e que o Senhor Jesus declarou que não haveria de ter perdão nem aqui nem no mundo vindouro (cf. Mt 12.32; Mc 3.29; Lc 12.10). Em ambos os casos, há uma rejeição consciente e voluntária da verdade que foi claramente exposta.

No caso dos leitores de João, a apostasia seria mais profunda, pois teriam participado das igrejas cristãs, como se fossem cristãos, participado das ordenanças do batismo e da Ceia, participado dos meios de graça. À semelhança dos falsos mestres que também, antes, tinham sido membros das igrejas, apostatar seria sair delas (2.19), e se juntar aos pregadores gnósticos e abraçar a doutrina deles, que consistia numa negação de Cristo.

Tal pecado era “para a morte” por sua própria natureza, que é a rejeição final e decidida daquele único que pode salvar, Jesus Cristo. “Este pecado leva quem o comete inexoravelmente a um estado de incorrigível embotamento moral e espiritual, porque pecou voluntariamente contra a própria consciência” (J. Stott).

É provavelmente sobre pessoas que apostataram desta forma que o autor de Hebreus escreveu, dizendo que “é impossível outra vez renová-los para arrependimento, visto que, de novo, estão crucificando para si mesmos o Filho de Deus e expondo-o à ignomínia” (Hb 6.4-6). Ele descreve essa situação como sendo um viver deliberado no pecado após o recebimento do pleno conhecimento da verdade. Neste caso, “já não resta sacrifício pelos pecados; pelo contrário, certa expectação horrível de juízo e fogo vingador prestes a consumir os adversários” (Hb 10.26-27). Este pecado é descrito como calcar aos pés o Filho de Deus, profanar o sangue da aliança com que foi santificado e ultrajar o Espírito da graça (Hb 10.29), uma linguagem que claramente aponta para a blasfêmia contra o Espírito e a negação de Jesus como Senhor e Cristo (ver também 2Pd 2.20-22, onde o apóstolo Pedro se refere aos falsos mestres).

Não é sem razão que o apóstolo João desaconselha pedirmos por quem pecou dessa forma.

Alguém pode perguntar se Deus fecharia a porta do perdão se pessoas que pecaram para a morte se arrependessem. Tais pessoas, porém, não poderão se arrepender. Elas não o desejam. E além disto, o Senhor determinou sua condenação, a ponto de João não aconselhar que oremos por elas. “Tais pessoas foram entregues a um estado mental reprovável, estão destituída do Espírito Santo, e não podem fazer outra coisa senão, com suas mentes obstinadas, se tornarem piores e piores, acrescentando mais pecado ao seu pecado” (Calvino).

Notemos que nestes versículos João não chama de “irmão” aquele que peca para a morte. Apenas declara que há pecado para a morte e que não recomenda orar pelos que o cometem. É evidente que os nascidos de Deus jamais poderão cometer este pecado.

Portanto, não se impressione com as ameaças de pastores do tipo "você está blasfemando contra o Espírito Santo" se o que você estiver fazendo é simplesmente perguntando qual a base bíblica para cair no Espírito, rir no Espírito, a unção da leoa, e outras "manifestações" atribuídas ao Espírito Santo.Artigos

Link para esta postagem: Pecados para morte

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