Lições Bíblicas CPAD
Adultos
1º Trimestre de 2015
Título: A Lei de Deus
— Valores imutáveis para uma sociedade em constante mudança
Comentarista: Esequias
Soares
Lição 9: Não
adulterarás
Data: 1º de
Março de 2015
TEXTO ÁUREO
“Eu, porém, vos digo que qualquer
que atentar numa mulher para a cobiçar já em seu coração cometeu adultério com
ela” (Mt 5.28).
VERDADE PRÁTICA
O sétimo mandamento diz respeito à
pureza sexual e à proteção da sagrada instituição da família, assim como o
mandamento anterior fala sobre a proteção à vida.
LEITURA DIÁRIA
Segunda - Gn 2.21-24
O casamento foi instituído por Deus
antes da queda no Éden
Terça - Pv 6.32,33
O adultério destrói a reputação e
deixa cicatrizes indeléveis
Quarta - Jr 29.20-23
O adultério é uma prática insana com
consequências funestas
Quinta - Ml 2.14
Deus exige fidelidade entre marido e
mulher
Sexta - Mt 19.4-6
O plano divino desde o princípio era
monogâmico
Sábado - Mc 10.11,12
No NT, adultério é qualquer relação
sexual extraconjugal
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Êxodo 20.14; Deuteronômio 22.22-30.
Êxodo 20
14 - Não
adulterarás.
Deuteronômio 22
22 - Quando
um homem for achado deitado com mulher casada com marido, então, ambos
morrerão, o homem que se deitou com a mulher e a mulher; assim, tirarás o mal
de Israel.
23 - Quando
houver moça virgem, desposada com algum homem, e um homem a achar na cidade e
se deitar com ela,
24 - então,
trareis ambos à porta daquela cidade e os apedrejareis com pedras, até que
morram; a moça, porquanto não gritou na cidade, e o homem, porquanto humilhou a
mulher do seu próximo; assim, tirarás o mal do meio de ti.
25 - E,
se algum homem, no campo, achar uma moça desposada, e o homem a forçar, e se
deitar com ela, então, morrerá só o homem que se deitou com ela;
26 - porém
à moça não farás nada; a moça não tem culpa de morte; porque, como o homem que
se levanta contra o seu próximo e lhe tira a vida, assim é este negócio.
27 - Pois
a achou no campo; a moça desposada gritou, e não houve quem a livrasse.
28 - Quando
um homem achar uma moça virgem, que não for desposada, e pegar nela, e se
deitar com ela, e forem apanhados,
29 - então,
o homem que se deitou com ela dará ao pai da moça cinquenta siclos de prata; e,
porquanto a humilhou, lhe será por mulher; não a poderá despedir em todos os
seus dias.
30 - Nenhum
homem tomará a mulher de seu pai, nem descobrirá a ourela de seu pai.
OBJETIVO GERAL
Apresentar o sétimo mandamento,
ressaltando o intento de Deus em favor da família.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Abaixo, os objetivos específicos
referem-se ao que o professor deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o
objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos.
· I. Tratar a
abrangência e o objetivo do sétimo mandamento.
· II. Mostrar o
real significado da infidelidade.
· III. Relacionar alguns
pecados sexuais segundo a lei divina.
· IV. Analisar o
ensino de Jesus acerca do sétimo mandamento.
INTERAGINDO COM O PROFESSOR
Infelizmente, vivemos em uma
sociedade em que muitos já começam a ver a infidelidade conjugal como uma
prática normal. Contudo, segundo a Palavra de Deus, o adultério é e continuará
sendo pecado. Encontramos tanto no Antigo Testamento quanto no Novo, sérias
advertências contra a infidelidade conjugal (Êx 20.14; Dt 5.18; Rm 13.9; Cl
5.19). A princípio, a quebra do sétimo mandamento pode parecer doce e até
prazerosa, mas o seu fim é amargoso como o absinto (Pv 5.4). Com a infidelidade
vem a disfunção familiar. A disfunção é perigosa, é destrutiva para toda a
família, para a igreja do Senhor e para a sociedade de um modo geral.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
O sétimo mandamento condena o
adultério e a impureza sexual com o objetivo de proteger a família. A Bíblia
não condena o sexo; a santidade dele é inquestionável dentro do padrão divino,
mas sua prática ilícita tem sido um dos maiores problemas do ser humano ao
longo dos séculos. O sétimo mandamento é tratado de uma maneira na lei, e de
outra na graça. Um olhar no episódio da mulher adúltera (Jo 8.1-11) mostra que
tal preceito foi resgatado pela graça e adaptado a ela, e não à lei.
PONTO CENTRAL
O adultério e a impureza sexual maculam
a família.
I. O SÉTIMO MANDAMENTO
1. Abrangência. Trata de um tema muito abrangente, que
envolve sexo e casamento num contexto social contaminado pelo pecado. O
mandamento consiste em uma proibição absoluta, sem concessão, expressa de
maneira simples em duas palavras: “não adulterarás” (Êx 20.14; Dt 5.18). Sua
regulamentação para os israelitas pode ser encontrada nos livros de Levítico e
Deuteronômio, que dispõem contra os pecados sexuais, a prostituição e toda
forma de violência sexual com suas respectivas sanções.
2. Objetivo. O Decálogo segue uma lógica. Primeiro aparece
a proteção da vida, em seguida vem a família e depois os bens e a honra. O
mandamento “não adulterarás” veio para proteger o lar e dessa forma estabelecer
uma sociedade moral e espiritualmente sadia. A proibição aqui é contra toda e
qualquer imoralidade sexual, expressa de maneira genérica, mas especificada em
diversos dispositivos na lei de Moisés.
3. Contexto. A lei foi promulgada numa sociedade
patriarcal que permitia a poligamia. Nesse contexto social, o adultério na lei
de Moisés consistia no fato de um homem se deitar com uma mulher casada com
outro homem, independentemente de ser ele casado ou solteiro. Os infratores da
lei deviam ser mortos, tanto o homem quanto a mulher (Dt 22.22; Lv 20.10).
SÍNTESE DO TÓPICO (I)
O sétimo mandamento tem como objetivo
proteger a família, estabelecendo uma sociedade moral e espiritualmente sadia.
II. INFIDELIDADE
1. Adultério. É traição e falsidade. É a quebra de uma
aliança assumida pelo casal diante de Deus e da sociedade, uma infidelidade que
destrói a harmonia no lar e desestabiliza a família. A tradição judaico-cristã
leva o assunto a sério e considera o adultério um pecado grave. Trata-se de uma
loucura que compromete a honra e a reputação de qualquer pessoa,
independentemente de sua confissão religiosa ou status social (Jr 29.23; Pv
6.32,33).
2. Sexo antes do casamento. Esta prática está muito em voga na sociedade
moderna, mas nunca teve a aprovação divina, e por isso os jovens devem evitar
essas coisas (Sl 119.9). Em Israel, os envolvidos em tal prática, desde que a
mulher não fosse casada ou comprometida, não eram condenados à morte. A pena
era menos rigorosa, mas o homem tinha de se casar com a moça, pagar uma
indenização por danos morais ao pai da jovem e nunca mais se divorciar dela (Dt
22.28,29). Hoje, esse tipo de pecado requer aplicação de disciplina da Igreja,
mas nem sempre o casamento deles é a solução.
3. Fornicação. A “moça virgem, desposada com algum homem”
(Dt 22.23) diz respeito, no contexto atual, à noiva que ainda não se casou, mas
está comprometida em casamento. Trata-se do pecado sexual de fornicação
praticado com consentimento mútuo. A pena da lei é a morte por apedrejamento,
como no caso de envolvimento com uma mulher casada (Dt 22.24). A razão desta
pena vai além do simples ato, pois se trata da quebra de fidelidade, “porquanto
humilhou a mulher do seu próximo; assim, tirarás o mal do meio de ti” (Dt 22.24b).
SÍNTESE DO TÓPICO (II)
A infidelidade conjugal quebra a aliança
assumida pelo casal diante de Deus e dos homens.
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“Geralmente o adultério era perdoado
nas culturas pagãs, particularmente quanto à parte do homem que, embora fosse
casado, não era acusado de adultério a não ser que coabitasse com a esposa de
outro homem ou com uma virgem que estivesse noiva. O adultério é estritamente
proibido tanto no Antigo Testamento quanto no Novo Testamento (Rm 13.9; Gl
5.19).
Na Bíblia, o termo adultério é muitas
vezes utilizado como uma metáfora para representar a idolatria ou apostasia da
nação e do povo comprometido com Deus. Exemplos disso podem ser encontrados em
Jeremias 3.8,9; Ezequiel 23.26,43; Oseias 2.2-13)” (PFEIFFER, Charles F. (Ed). Dicionário
Bíblico Wycliffe. 7ª Edição. RJ: CPAD, 2010, p.35).
III. OUTROS PECADOS SEXUAIS
1. Estupro. A lei contrasta a cidade com o campo para
deixar clara a diferença entre estupro e ato sexual consentido. Os versículos
25-27 tratam do caso de violência sexual, pois no campo a probabilidade de
socorro era praticamente nula, e a moça era forçada a praticar o ato (22.25).
Neste caso, somente o estuprador era morto, acusado de crime sexual, mas a moça
era inocentada (Dt 22.26,27).
2. Incesto. A lei estabelece a lista de parentesco em que
deve e não deve haver casamento, para evitar a endogamia e o incesto (Lv
18.6-18). Mais adiante, a lei prescreve as penas de cada grupo desses pecados
(Lv 20.10-23). “Nenhum homem tomará a mulher de seu pai” (Dt 22.30). A lei
dispõe contra a prática sexual execrável de abusar da madrasta. É o pecado que
desonra o pai, invade e macula o seu leito. Quem pratica tal abominação está
sob a maldição divina (Dt 27.20). Na lei, o assunto pertence ao campo jurídico
e a condenação prevista é a morte (Lv 20.11). Entretanto, estamos debaixo da graça,
e por essa razão o tema é levado à esfera espiritual, cuja sanção se restringe
à perda da comunhão da Igreja (1Co 5.1-5). A sábia decisão apostólica é a base
para o princípio disciplinar que as igrejas aplicam hoje.
3. Bestialidade. É uma aberração sexual, tanto masculina como
feminina, contra a qual a lei dispõe tendo como sanção a pena de morte, seja
para o homem, seja para a mulher e também para o animal, que devia ser morto
(Lv 20.15,16). Bestialidade e homossexualismo desonram a Deus e eram práticas
cananeias, razão pela qual os cananeus foram vomitados da terra (Lv 18.23-28).
SÍNTESE DO TÓPICO (III)
Deus abomina o estupro, o incesto e a
bestialidade.
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“Incesto — O crime de coabitação ou
relacionamento sexual com familiares ou parentes, que é proibido na lei de
Moisés (Lv 18.1-18). A lista apresentada por Moisés é precedida por uma
advertência de que Israel não deveria entregar-se aos pecados dos egípcios a
quem eles haviam acabado de deixar, ou dos cananeus para cuja terra Deus os
estava trazendo. A lista dos relacionamentos proibidos inclui: mãe, madrasta,
irmã ou meia-irmã, neta, filha de uma madrasta, uma tia de ambos os lados, a
esposa de um tio por parte de pai, nora, cunhada, uma mulher e sua filha, ou
neta, a irmã de uma esposa viva. Uma filha e uma irmã por parte de pai e mãe
não são mencionados especificamente, uma vez que já são classificadas como
‘parenta da sua carne’ (v.6)” (PFEIFFER, Charles F. (Ed). Dicionário
Bíblico Wycliffe. 7ª Edição. RJ: CPAD, 2010, p.966).
IV. O ENSINO DE JESUS
1. O sétimo mandamento nos
Evangelhos. O Senhor Jesus reiterou o que
Deus disse no princípio da criação sobre o casamento, que se trata de uma
instituição divina, uma união estabelecida pelo próprio Deus (Mt 19.4-6). Ele
também se referiu ao tema do sétimo mandamento de maneira direta e indireta.
Direta ao fazer uso das palavras “não adulterarás” ou “não cometerás adultério”
no Sermão do Monte (Mt 5.27), na questão do moço rico (Mt 19.18) e nas
passagens paralelas (Mc 10.19; Lc 18.20). Indireta quando fala acerca do
divórcio, tema pertinente ao sétimo mandamento (Mt 19.9; Mc 10.11,12).
2. O problema dos escribas e
fariseus. Mais uma vez Ele corrige o
pensamento equivocado das autoridades religiosas de Israel. Os escribas e
fariseus haviam reduzido o sétimo mandamento ao próprio ato físico, pois
desconheciam o espírito da lei, apegavam-se à letra dela (2Co 3.6). Assim, como
é possível cometer assassinato com a cólera ou palavras insultuosas, sem o ato
físico (Mt 5.21,22), da mesma forma é possível também cometer adultério só no
pensamento (Mt 5.27,28).
3. A concupiscência. Há diferença entre olhar e cobiçar. O pecado
é o olhar concupiscente. O sexo é santo aos olhos de Deus, desde que dentro do
casamento, nunca fora dele. O livro de Cantares de Salomão mostra que o sexo
não é apenas para procriação, mas para o prazer e a felicidade dos seres
humanos. Jesus não está questionando o sexo, mas combatendo a impureza sexual e
o sexo ilícito, a prostituição. O Senhor Jesus disse que os adultérios procedem
do coração humano (Mt 15.19).
SÍNTESE DO TÓPICO (IV)
O Senhor Jesus reiterou o princípio do
sétimo mandamento.
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“O Senhor Jesus estendeu a culpa pelo
adultério da mesma forma como fez para outros mandamentos, incluindo o
propósito ou o desejo de cometê-lo ao próprio ato em si (Mt 5.28).
Tecnicamente, o adultério se distingue da fornicação, que é a relação sexual
entre pessoas que não são casadas. Entretanto, a palavra grega porneia, uniformemente traduzida como
‘fornicação’, inclui toda lascívia e irregularidade sexual” (PFEIFFER, Charles
F. (Ed). Dicionário Bíblico Wycliffe. 7ª Edição. RJ. CPAD,
2010, p.35).
CONCLUSÃO
Cremos que Deus sabe o que é certo e
o que é errado para a vida humana. A Bíblia é o manual divino do fabricante e é
loucura querer ir contra Ele. A sanção contra os que violarem o sétimo
mandamento, na fé cristã, não vai além da disciplina da Igreja e, em alguns
casos, o caos na família. Mas o julgamento divino é tão certo quanto a sucessão
dos dias e das noites, e a única salvação é Jesus (At 16.31; 17.31).
VOCABULÁRIO
Endogamia: Estado
de endógamo, isto é, aquele que só se casa com membros da sua classe ou tribo.
PARA REFLETIR
Sobre o sétimo mandamento:
O adultério destrói a família. Por quê?
Sim. Ele destrói a família porque quebra a aliança assumida pelo casal
diante de Deus e da sociedade. A infidelidade destrói a harmonia no lar e
desestabiliza a família.
O adultério refere-se apenas ao envolvimento sexual
de pessoas casadas?
Não. Refere-se também ao relacionamento sexual entre uma pessoa solteira
e uma casada.
Por que o adultério é destrutivo para a família?
Porque é uma loucura que compromete a honra e a reputação do casal.
Por que o casamento é uma instituição divina?
Porque foi planejado e criado pelo Senhor.
Qual o limite entre o “simples olhar” e o “olhar
malicioso”?
O olhar malicioso é o que cobiça com o desejo de possuir o outro.
SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO
Não adulterarás
Quando um membro comete o pecado de
adultério contra o cônjuge geralmente é redigido no Livro da Ata da Assembleia
Geral da igreja local, assim: “pecou contra o sétimo mandamento”. Adultério e
sétimo mandamento tornaram-se sinônimos na maioria das igrejas.
Com adultério, nos referimos ao
relacionamento sexual de uma pessoa casada com outra casada ou solteira. Mas o
sétimo mandamento tem uma particularidade no Antigo Testamento. Quando Deus o
proferiu ao povo, a mulher tinha um papel bem diferente o da atual sociedade
ocidental.
Era comum, em Israel, o homem
adulterar com outra mulher, embora esta nunca fora a vontade de Deus para a
humanidade. Pela dureza do coração humano, as mulheres eram preteridas por
quaisquer desculpas: “Quando um homem tomar uma mulher e se casar com ela,
então, será que, se não achar graça em seus olhos, por nela achar coisa feia,
ele lhe fará escrito de repúdio, e lho dará na mão, e a despedirá da sua casa”
(Dt 24.1). A expressão “achar coisa feia” foi responsável por muitas interpretações
entre os sábios de Israel. O resultado: por mais absurdo dos motivos os judeus
repudiavam as suas mulheres. Na sociedade dos tempos antigos, as mulheres
repudiadas tinham apenas dois destinos para sobreviverem: tornavam-se
prostitutas ou mendicantes.
No Novo Testamento, Jesus retomou o
ideal de Deus para a humanidade e denunciou a covardia dos homens de Israel,
principalmente a dos religiosos, dizendo: “Ouviste o que foi dito aos antigos:
Não cometerás adultério. Eu porém, vos digo que qualquer que atentar para uma
mulher para a cobiçar já em seu coração cometeu adultério com ela” (Mt
5.27,27). Note que a expressão “achar coisa feia”, de Deuteronômio 24.1, perdeu
todo o sentido agora. O nosso Senhor estava falando aos homens nestes termos:
vocês não têm o direito de repudiar as suas mulheres para ficar com outras mais
novas. Assim Jesus asseverou: “Não tendes lido que, no princípio, o Criador os
fez macho e fêmea e disse: Portanto, deixará o homem pai e mãe e se unirá à sua
mulher, e serão dois numa só carne? Assim não são mais dois, mas uma só carne.
Portanto, o que Deus ajuntou não separe o homem” (Mt 19.4-6).
O adultério viola por completo o
princípio de Deus para com os seres humanos. Os destinatários das palavras de
Jesus eram os homens da sua época. Por quê? Ora, eles determinavam a vida das
mulheres. Mas hoje, também, o mandamento fala como nunca e cada vez às mulheres
mais independentes: Não adulterarás!
O ADULTÉRIO - SUBSÍDIO PARA LIÇÃO BÍBLICA
A infidelidade conjugal (adultério), do hebraico na’aph é uma das práticas condenadas nos Dez Mandamentos: “Não adulterarás” (Êx 20.14).
No livro de Provérbios encontramos sérias advertências em relação à mulher adúltera. Seus lábios são doces como o mel e as suas palavras suaves como o azeite, mas o envolvimento com ela termina em amargor e morte (Pv 5.1-5). A insensatez norteia os seus passos (Pv 5.6). Aproximar-se dela pode comprometer a honra e trazer grande sofrimento, e isso devido ao abandono do ensino e da prudência (Pv 5.7-14). O envolvimento com uma mulher adúltera é comparado com a cegueira de entendimento e sentimentos. A paixão cega o indivíduo (Pv 5.20).
Um caso clássico de infidelidade conjugal no Antigo Testamento é o de Davi e Bate-Seba:
E enviou Davi e perguntou por aquela mulher; e disseram: Porventura, não é esta Bate-Seba, filha de Eliã e mulher de Urias, o heteu? Então, enviou Davi mensageiros e a mandou trazer; e, entrando ela a ele, se deitou com ela (e já ela se tinha purificado da sua imundície); então, voltou ela para sua casa. (2 Sm 11.3-4)
As consequências deste episódio foram trágicas, pois culminou na trama da morte do marido de Bate-Seba, Uriaz (2 Sm 11.14-17). Davi pagou um alto preço por isso (2 Sm 12.14-19). Apesar do grande erro cometido, ao assumir seu pecado e demonstrar sincero arrependimento, a graça e a misericórdia de Deus se manifestaram em forma de perdão absoluto (2 Sm 12.13), isentando Davi das consequências legais de sua inflação:
Também o homem que adulterar com a mulher de outro, havendo adulterado com a mulher do seu próximo, certamente morrerá o adúltero e a adúltera. (Lv 20.10)
Em soberania e graça Deus concedeu o seu perdão a Davi. Quem pode contestá-lo? Quem é o legalista que confrontará o Senhor por ministrar em graça o seu perdão?
No Novo Testamento o tema infidelidade conjugal (adultério) é tratado por Jesus:
Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério. Eu porém, vos digo que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar já em seu coração cometeu adultério com ela. (Mt 5.27-28)
O termo grego para "adultério" é moicheúseis, e para "cobiçar" epithumesai, que no contexto implica em ansiar, desejar possuir. Jesus foi para além da letra da Lei e dos comportamentos aparentes, enfatizando o “espírito” da Lei e as intenções do coração (homem interior). Conforme A. T. Robertson:
Jesus situa o adultério nos olhos e no coração antes do ato externo. Wunsche (Beitrage) cita duas declarações rabínicas pertinentes ao tema traduzidas por Bruce: “Os olhos e o coração são dois corretores do pecado”. (Comentário Mateus & Marcos: à luz do Novo Testamento Grego. Rio de Janeiro: CPAD, 2012, p. 73)
Dessa forma, mais uma vez os legalistas sofreram um duro golpe, pois com certeza, muitos dos que condenavam e apontavam os pecados alheios “concretizados” se viram incluídos no rol de adúlteros.
Outro episódio bastante conhecido no Novo Testamento é o da mulher pega em fragrante adultério:
E os escribas e fariseus trouxeram-lhe uma mulher apanhada em adultério. E, pondo-a no meio, disseram-lhe: Mestre, esta mulher foi apanhada, no próprio ato, adulterando, e, na lei, nos mandou Moisés que as tais sejam apedrejadas. Tu, pois, que dizes? Isso diziam eles, tentando-o, para que tivessem de que o acusar. Mas Jesus, inclinando-se, escrevia com o dedo na terra. E, como insistissem, perguntando-lhe, endireitou-se e disse-lhes: Aquele que dentre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela. E, tornando a inclinar-se, escrevia na terra. Quando ouviram isso, saíram um a um, a começar pelos mais velhos até aos últimos; ficaram só Jesus e a mulher, que estava no meio. E, endireitando-se Jesus e não vendo ninguém mais do que a mulher, disse-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou? E ela disse: Ninguém, Senhor. E disse-lhe Jesus: Nem eu também te condeno; vai-te e não peques mais. (Jo 8.3-11)
Mais uma vez a graça é manifesta em forma de atenção, compaixão, perdão e responsabilização. Sim, a graça perdoa, mas responsabiliza: “Vai-te em paz e não peques mais”.
Na atualidade, com o advento da internet, os casos de adultério ganharam uma versão on-line, ou seja, aumenta o envolvimento emocional em redes sociais, manifesto em trocas de conversas íntimas, imagens e vídeos com conteúdo sensual e sexual fora do casamento.
São muitas as causas que podem levar alguém ao adultério. Nenhuma delas se justifica. O perdão da parte ofendida é uma excelente alternativa no processo de reconstrução de uma aliança quebrada. O divórcio deve ser sempre a última ação a ser buscada.
O adultério provoca bastante dano para a vida do casal, podendo destruir definitivamente o casamento. O escândalo que tal ato provoca é geralmente muito vergonhoso para as partes envolvidas, e muito constrangedor para a comunidade cristã.
Fugir de tal conduta continua sendo a decisão mais sensata para o cristão. Citar o exemplo de José nunca é demais (Gn 39.7-9).
SEXO ANTES DO CASAMENTO
Participei de uma palestra para adolescentes, e fiquei surpreendido com o volume de perguntas enviadas sobre a prática sexual antes do casamento. Trago aqui algumas considerações sobre o assunto.
SOBRE O TERMO GREGO PORNEÍA
Em primeiro lugar, é importante considerar o significado do termo grego porneía. O termo foi traduzido por “fornicação” na seguinte passagem da Almeida Revista e Corrigida:
Que vos abstenhais das coisas sacrificadas aos ídolos, e do sangue, e da carne sufocada, e da fornicação; destas coisas fareis bem se vos guardardes. Bem vos vá. (At 15.29)
A mesma passagem na Almeida Revista e Atualizada ficou assim:
que vos abstenhais das coisas sacrificadas a ídolos, bem como do sangue, da carne de animais sufocados e das relações sexuais ilícitas; destas coisas fareis bem se vos guardardes. Saúde.
Conforme Louw e Nida, o termo porneía significa “imoralidade sexual de qualquer tipo”, e faz alusão às passagens bíblicas que seguem[1]:
Fugi da impureza. Qualquer outro pecado que uma pessoa cometer é fora do corpo; mas aquele que pratica a imoralidade peca contra o próprio corpo. (1 Co 6.18, ARA)
Fugi da prostituição. Todo pecado que o homem comete é fora do corpo; mas o que se prostitui peca contra o seu próprio corpo. (1 Co 6.18, ARC)
Pois esta é a vontade de Deus: a vossa santificação, que vos abstenhais da prostituição; (1 Ts 4.3, ARA e ARC)
como Sodoma, e Gomorra, e as cidades circunvizinhas, que, havendo-se entregado à prostituição como aqueles, seguindo após outra carne, são postas para exemplo do fogo eterno, sofrendo punição. (Jd 7, ARA)
assim como Sodoma, e Gomorra, e as cidades circunvizinhas, que, havendo-se corrompido como aqueles e ido após outra carne, foram postas por exemplo, sofrendo a pena do fogo eterno. (Jd 7, ARC)
Haubeck e Siebenthal definem porneía como: “indecência, relação sexual ilícita de todo tipo, prostituição, ato de contrair matrimônios proibidos.”[2]
Taylor traduz porneía como “fornicação, co-habitação, adultério,[3] e Barclay afirma que a palavra é usada geralmente para as relações e relacionamentos sexuais ilícitos e imorais.[4]
Encontramos no final do Novo Testamento a seguinte advertência:
Quanto, porém, aos covardes, aos incrédulos, aos abomináveis, aos assassinos, aos impuros (pórnois), aos feiticeiros, aos idólatras e a todos os mentirosos, a parte que lhes cabe será no lago que arde com fogo e enxofre, a saber, a segunda morte. (Ap 21.8, ARA)
Mas, quanto aos tímidos, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos fornicadores (pórnois), e aos feiticeiros, e aos idólatras e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre, o que é a segunda morte. (Ap 21.8, ARC)
SOBRE A LEGITIMAÇÃO DO SEXO ATRAVÉS DO CASAMENTO
Paulo, ao alertar a igreja de Corinto sobre o perigo da impureza (porneías), orienta a prática sexual dentro casamento:
Quanto ao que me escrevestes, é bom que o homem não toque em mulher; mas, por causa da impureza, cada um tenha a sua própria esposa, e cada uma, o seu próprio marido. (1 Co 7.1-2, ARA)
Ora, quanto às coisas que me escrevestes, bom seria que o homem não tocasse em mulher; mas, por causa da prostituição, cada um tenha a sua própria mulher, e cada uma tenha o seu próprio marido. (1 Co 7.1-2, ARC)
A vida sexual no mundo grego-romano dos tempos bíblicos era um caos sem lei. Na Grécia, não havia nenhum sentimento de vergonha nas relações sexuais antes do casamento ou fora dele. Paulo coloca-se contra essa imoralidade sexual, e chega a espantar-se com o fato de que os coríntios não estão envergonhados diante do caso do homem que está mantendo relações sexuais com a esposa de seu pai (1 Co 5.1).[5]
Deus foi o realizador do primeiro casamento (Gn 2.18-25). Estando o casamento não sujeito a um padrão cerimonial bíblico, entende-se que Deus o concebe conforme o tempo, cultura, costume e padrões locais normativos da sociedade, desde que tais padrões não infrinjam alguns princípios estabelecidos na Bíblia Sagrada, dentre os quais, a heterossexualidade e a fidelidade conjugal (Gn 1.27, 2.22-25; Ex 20.14, 17; 1Tm 3.2;). O casamento envolve compromisso público e formal, e a observação das leis locais.
É dessa maneira que o sexo antes do casamento se enquadra na categoria de imoralidade sexual, e na condição de imoralidade sexual, os seus praticantes são reprovados nas Escrituras (Ef 5.5; 1 Tm 1.10; Hb 12.16; Ap 21.8). Destacamos aqui o texto bíblico abaixo:
Fugi da impureza (porneían). Qualquer outro pecado que uma pessoa cometer é fora do corpo; mas aquele que pratica a imoralidade (porneíon) peca contra o próprio corpo. (1 Co 6.18, ARA)
Fugi da prostituição (porneían). Todo pecado que o homem comete é fora do corpo; mas o que se prostitui (porneíon) peca contra o seu próprio corpo. (1 Co 6.18, ARC)
Comentando o referido texto, McDoweel nos escreve:
Quando um jovem se envolve com sexo pré-nupcial, ocorre muitas vezes uma profunda perda de respeito, não somente pelo próprio corpo, mas também pelo do companheiro. E quando esse respeito deixa de existir, fica muito mais fácil para uma pessoa tornar-se promíscua.[6]
Escrevendo aos solteiros e viúvos que tinham que lidar com o “abrasamento” (gr. pyrousthai, arder em desejo sexual, ser consumido pela paixão), Paulo não recomenda a prática do sexo antes do casamento para atenuar ou saciar tal condição, antes, diz:
E aos solteiros e viúvos digo que lhes seria bom se permanecessem no estado em que também eu vivo. Caso, porém, não se dominem, que se casem; porque é melhor casar do que viver abrasado. (1 Co 7.8-9, ARA)
Digo, porém, aos solteiros e às viúvas, que lhes é bom se ficarem como eu. Mas, se não podem conter-se, casem-se. Porque é melhor casar do que abrasar-se. (1 Co 7.8-9, ARC)
O jovem cristão que já se envolveu em carícias íntimas no namoro, ou que já chegou ao ponto da prática sexual antes do casamento, sabe o quanto isso comprometeu sua vida espiritual, emocional e social. A quebra de princípios bíblicos sempre resulta em diversos males para o transgressor.
SOBRE O VALOR DA VIRGINDADE (CASTIDADE) NA BÍBLIA
Há várias passagens bíblicas que destacam o valor da virgindade, do se manter “puro” antes do casamento. Vejamos algumas:
Viúva, ou repudiada, ou desonrada, ou prostituta, estas não tomará (o sumo sacerdote), mas virgem do seu povo tomará por mulher. (Lv 21.14, ARA)
Se um homem casar com uma mulher, e, depois de coabitar com ela, a aborrecer, e lhe atribuir atos vergonhosos, e contra ela divulgar má fama, dizendo: Casei com esta mulher e me cheguei a ela, porém não a achei virgem, então, o pai da moça e sua mãe tomarão as provas da virgindade da moça e as levarão aos anciãos da cidade, à porta. O pai da moça dirá aos anciãos: Dei minha filha por mulher a este homem; porém ele a aborreceu; e eis que lhe atribuiu atos vergonhosos, dizendo: Não achei virgema tua filha; todavia, eis aqui as provas da virgindade de minha filha. E estenderão a roupa dela diante dos anciãos da cidade, os quais tomarão o homem, e o açoitarão, e o condenarão a cem siclos de prata, e o darão ao pai da moça, porquanto divulgou má fama sobre uma virgem de Israel. Ela ficará sendo sua mulher, e ele não poderá mandá-la embora durante a sua vida. (Dt 22.13-19, ARA)
Jerusalém é chamada de virgem:
Que poderei dizer-te? A quem te compararei, ó filha de Jerusalém? A quem te assemelharei, para te consolar a ti, ó virgem filha de Sião? Porque grande como o mar é a tua calamidade; quem te acudirá? (Lm 2.13)
A Igreja é comparada a uma virgem:
Porque zelo por vós com zelo de Deus; visto que vos tenho preparado para vos apresentar como virgem pura a um só esposo, que é Cristo. (2 Co 11.2)
Observamos então, que apesar de não encontrarmos um texto que literalmente diga: “o sexo antes do casamento é pecado”, é possível compreender através da Bíblia que o sexo antes do casamento é reprovado, considerado impureza sexual, e por isso, passivo de repreensão e das consequências negativas aqui descritas.
Acaso, não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que está em vós, o qual tendes da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por preço. Agora, pois, glorificai a Deus no vosso corpo. (1 Co 6.19-20)
[1] LOUW, Johannes; NIDA, Eugene. Léxico Grego-Português do Novo Testamento: baseado em domínios semânticos. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2013, p. 685.
[2] HAUBECK, Wilfrid; SIEBENTHAL, Heinrich Von. Nova chave lingüística do Novo Testamento Grego. São Paulo: Targumim/Hagnos, 2009, p. 804.
[3] TAYLOR, W. C. Dicionário do Novo Testamento Grego. 10. Ed. Rio de Janeiro: JUERP, 1991, 181.
[4] BARCLAY, William. As obras da carne e o fruto do Espírito. São Paulo: Vida Nova, 2000, p. 25.
[5] Ibid., p. 26-28.
[6] McDOWELL, Josh. Como evitar que o jovem sofra com as paixões sexuais. 2 ed. São Paulo: Bom Pastor, 1994, 162.
[2] HAUBECK, Wilfrid; SIEBENTHAL, Heinrich Von. Nova chave lingüística do Novo Testamento Grego. São Paulo: Targumim/Hagnos, 2009, p. 804.
[3] TAYLOR, W. C. Dicionário do Novo Testamento Grego. 10. Ed. Rio de Janeiro: JUERP, 1991, 181.
[4] BARCLAY, William. As obras da carne e o fruto do Espírito. São Paulo: Vida Nova, 2000, p. 25.
[5] Ibid., p. 26-28.
[6] McDOWELL, Josh. Como evitar que o jovem sofra com as paixões sexuais. 2 ed. São Paulo: Bom Pastor, 1994, 162.